sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Da minha aldeia




Da minha aldeia
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos


sábado, 10 de novembro de 2012

3º Festival ... para os sentidos

Principalmente para o gosto mas também para o olfacto, para a visão, a audição...

"Na ponta da língua  sentimos os sabores doces; os amargos ao fundo; os ácidos dos lados; e os salgados por toda a superfície da língua, mas sobretudo à frente. A língua é como um reino dividido em principados, de acordo com o talento sensorial. É como se todos os que vêem vivessem a leste, os que ouvem a oeste, os que têm gosto a sul e os que palpam a norte. Um sabor que viajasse através de um tal reino."
...
"O cheiro contribui fortemente para o gosto. Sem cheiro, o vinho continuaria a inebriar-nos e a acalmar-nos mas muito do seu encanto desapareceria. É frequente cheirarmos as coisas antes de prová-las e às vezes é o bastante para salivarmos..."
(Diane Ackerman, Uma história natural dos sentidos, Círculo de Leitores)

O risoto de cogumelos era excelente. Os licores de figo da índia e de romã, exóticos... E dos vinhos já conheço a qualidade dos outros Súbito, espero bastante mais deste Reserva, "vinho de cor profunda, aroma de amoras pretas e frutos silvestres..."


O gosto é também o sentido social. Reencontrar os amigos e os companheiros de infância, só para isso já valia a pena este Festival.

domingo, 22 de julho de 2012

Residências sociais

Raiano, Junho 2012

Independentemente de se concordar ou não com esta decisão (e eu não concordo), aqui fica alguma informação sobre o que são, para que servem e a quem se destinam as agora chamadas residências sociais.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Casas sociais ?

Depois de centro de vida assistida, mini-residências, casas de acolhimento, agora são casas sociais. A notícia vem no Reconquista de 06/06/2012. Transcrevemos, com a devida vénia.
S. Miguel d’Acha: Casas sociais acolhem idosos
  
O Centro Social e Paroquial de S. Miguel d'Acha foi dotado de algumas residências de caráter social, destinadas a alojamento autónomo. Esta nova valência permite aos seus utilizadores, se assim o desejarem, o acesso aos serviços da instituição de solidariedade, nomeadamente limpeza, refeições, tratamento de roupas e outros que podem ir até ao apoio domiciliário.
Com capacidade para duas pessoas, cada residência encontra-se completamente equipada, incluindo um quarto duplo, ‘kitchenet', casa de banho completa, uma sala de estar e uma outra pequena divisão.
As residências situam-se ao lado das instalações do Centro de Dia, numa quinta no interior da freguesia. "Estas pequenas casas garantem a tranquilidade dos seus utilizadores, assegurando a sua completa autonomia, exceto nos serviços que vierem a ser contratualizados ao Centro Social e Paroquial", refere António Gil, da direção da instituição.
Não se tratando de um Lar ou serviço de internamento, estas habitações vêm ao encontro de algumas necessidades que se têm revelado, quer por utentes do Centro Social e Paroquial quer por outros interessados, não existindo qualquer vínculo funcional entre esta instituição e os futuros residentes, para além da cedência das referidas residências.
Prioritariamente destinados a residentes ou naturais de São Miguel de Acha, que ainda revelem autonomia funcional, estes alojamentos pretendem dar resposta a situações de pessoas cujas habitações não apresentem as condições básicas, mas também se pretende que a sua utilização propicie o regresso de alguns naturais da localidade à sua terra e que aqui não tenham residência própria. "Para além destas situações prioritárias, a instituição não coloca obstáculos a outros interessados, mesmo provenientes de outras localidades, desde que se enquadrem nas condições de funcionamento definidas em regulamento específico"; continua António Gil.
Estando concluído o processo de equipamento das residências, o Centro Social e Paroquial de São Miguel de Acha abriu as inscrições aos interessados nestes alojamentos, de modo a que, no final do corrente mês de junho, se possa proceder à seriação das candidaturas e iniciar o alojamento das pessoas.

Centro de noite

Centro de Noite é uma resposta social, desenvolvida em equipamento, que tem por finalidade o acolhimento nocturno, prioritariamente para pessoas idosas com autonomia que, por vivenciarem situações de solidão, isolamento ou insegurança necessitam de suporte de acompanhamento durante a noite.
Esta resposta social para pessoas idosas integra a carta social do governo da república (Despacho do Senhor Secretário de Estado da Segurança Social,  de 2006.01.19)
Com o  novo ministro da respectiva pasta, esta resposta sai reforçada e parece ter ainda maior abertura para a sua criação e implantação. 
Aliás, em nosso entender, estas respostas sociais, mais leves e mais flexíveis, deveriam ser elegíveis antes de outras. E assim parece estar a acontecer. Basta fazer uma ligeira pesquisa na net,  para se verificar que há vários centros de noite espalhados pelo país e continuam a fazer-se inaugurações deste tipo de equipamentos. Como aqui (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, ...)
Ao contrário, em S. Miguel, o Centro Social vai passar a agência de arrendamento de habitações.
É o que faz falta aos idosos de S. Miguel ? Penso que não. O que faz falta é um centro de noite, por ser a resposta mais adequada aos idosos, mais económica, mais humana, de maior proximidade.
Em S. Miguel pelos vistos é ou lar ou nada.
Um idoso pode, assim, ir ocupar um lugar num lar fora da sua terra, mais caro, mais desenraizado, mais desumano quando podia ter uma resposta na sua terra, podia continuar ligado à sua casa, podia ficar ligado às pessoas significativas.
Lá poder podia mas não era a mesma coisa.

domingo, 3 de junho de 2012

Casas de acolhimento ?

Raiano, Maio 2012

Aqui está a notícia do Raiano. As nossas dúvidas estão esclarecidas. Pelo menos as dúvidas acerca do destino a dar ao equipamento construído pela Câmara Municipal. O que seria um Centro de vida assistida ? Mini-residências ? Finalmente, vão ser casas de acolhimento.



Ficamos a saber que as quatro residências (com possibilidade de serem ocupadas por oito utentes) vão ser designadas por casas de acolhimento.
Dito de outra forma, o Centro Social vai passar a ser senhorio. Ou não ?
Seja como for, aqui fica expressa a minha discordância.
No mínimo, podiam informar as pessoas de S. Miguel dos critérios que foram estabelecidos pelo Centro Social para que possam saber se estão ou não interessadas ?

terça-feira, 10 de abril de 2012

"poderá ter morrido. ressuscita"

poderá ter morrido. ressuscita
  
poderá ter morrido. ressuscita
neste lugar humano, pobre fio
de água verbal que vai a medo, hesita,
e teme desmedir-se como um rio.
  
e muita coisa nele se derrama,
dita e não dita, pressentida, densas
aluviões, emaranhada trama
de obscuras raízes e presenças.
  
virão dias, semanas, meses, anos,
e os ciclos dos astros indiferentes,
mover-se-ão na mesma os oceanos
e as placas que sustentam continentes.
  
mola do mundo, o coração aviva
a chama desta lâmpada votiva.
Vasco Graça Moura (2001), sonetos familiares - lâmpada votiva, Poesia 1963-1995, Círculo de Leitores 

domingo, 1 de abril de 2012

Farmville com... Rilke




DE UM ABRIL

Volta a rescender a floresta.
Ao voar, as cotovias
erguem consigo o céu, que nos pesava nos ombros;
apenas se via ainda o dia entre os ramos, como estava vazio, -
mas após longas, chuvosas tardes,
chegam as novas horas
sobredouradas de sol,
diante das quais, ao fugir, em longínquas fachadas
todas as janelas feridas
batem temerosas suas portadas.
Depois faz-se silêncio. Até a chuva escorre mais mansamente
sobre o escuro brilho das pedras.
Todos os ruídos se ocultam
nos refulgentes botões dos rebentos.

Rainer Maria Rilke
(O livro das imagens, Relógio d’Água, trad. M. João Costa Pereira)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Residências assistidas: Será desta ?



O Jornal Raiano, nº 424, de 16.02.2012, traz a seguinte notícia:
"São Miguel de Acha. Mini-residências.
Podemos informar com muita alegria que as quatro mini-residências ao lado do Centro de Dia estão a ser devidamente equipadas a custo da proprietária que é a nossa Câmara Municipal. Mas para que o processo avance mais rapidamente e com maior empenhamento, a Direcção do Centro Social Paroquial, na qualidade de administradora responsável desta Instituição Social, tem agora luz verde para efectuar todas as compras indispensáveis para que brevemente possam ser ocupadas pelos idosos interessados nestes edifícios que serão uma mais valia na nossa terra.
Oxalá possamos dar já no próximo mês a notícia da data da sua inauguração."
Raúl Folgado

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Centro de Noite



Acabo de ouvir esta notícia na tv e ler no CM:
O Ministro da Solidariedade Social parece não ser duro de ouvido às questões sociais. Há vários anos que ando a falar, até a pedir às instâncias que podem decidir, isto mesmo: é necessário apoiar os mais frágeis da sociedade sem os desenraizar do seu meio familiar e social. E além disso é uma resposta muito mais adequada, barata, humanizada e de proximidade, do que os lares.
Há idosos que, de dia, preferem ficar nas suas casas e, à noite, gostavam de ter maior segurança e acompanhamento num centro de noite.
É isso mesmo sr. ministro !
Já não era sem tempo. Isto também é o estado social. O mais social de todos. O que protege os mais vulneráveis.
É isto que venho a pedir, com outros elementos da Liga de amigos, para as residências de S. Miguel.
Pode ser que desta vez as "casinhas enguiçadas" passem a ser "casinhas encantadas".



domingo, 29 de janeiro de 2012

Residências assistidas






 

 
Em 28 de Março de 2011, publiquei no Facebook o seguinte:
O Centro Social Paroquial de S. Miguel d' Acha tem vindo a desenvolver um trabalho extraordinário no apoio à população idosa e também no apoio a pessoas em situações de fragilidade social.
O Centro desenvolve neste momento duas valências na área de apoio aos idosos: centro de dia e apoio domiciliário.
As necessidades de alguns idosos tornaram imprescindível a criação de outras respostas sociais para que pudessem responder de forma mais cabal a essas situações, como é o caso das residências assistidas.
A LIGA-DE-AMIGOS está empenhada em dar o seu contributo para que isso venha a acontecer.
Tem vindo a manifestar de diversas formas junto das entidades responsáveis a sua posição de apoio a essas pessoas e ao início desta valência.
A LIGA-DE-AMIGOS não se conforma com a situação que existe neste momento: as estruturas físicas estão criadas e, ao que parece, apenas falta a resolução da burocracia, ou, dito de outro modo, que seja estabelecido um protocolo entre a Câmara Municipal, o Centro Social e a Segurança Social para que comecem a funcionar.
Trata-se de um conjunto de quatro residências que podiam dar resposta a oito pessoas idosas.
Foi também reconstruída a casa Carvalhão, (enfim, nem todos concordam com o tipo de reconstrução que foi feita, mas foi o que se fez), para apoio ao Centro Social, para actividades dos utentes do Centro ou mesmo da paróquia e freguesia.
Entretanto, há várias pessoas que continuam à espera que os poderes locais tomem a decisão de iniciar o funcionamento desta resposta tão importante para as pessoas que dela tanto necessitam nesta fase da vida.
Os nossos idosos merecem que nos empenhemos em proporcionar-lhes a possibilidade de terem um equipamento com alguma qualidade, aqui, onde sempre viveram, para que continuem aqui, sem terem de se deslocar para locais onde estarão completamente desenraizados, e onde têm que estar meses e anos à espera de resposta.
Quando as pessoas existem, os equipamentos existem, o Centro Social já desenvolve este trabalho no apoio domiciliário, por que continuam as residências vazias há mais de três anos?
Vamos continuar a exigir, a pedir, a solicitar, o que quiserem, a quem de direito. Mas as residências têm que começar a funcionar.
Aos amigos que têm conhecimento desta situação peço, que com a contribuição que podem dar, por mais pequena que seja, que apoiem esta causa de dar aos mais velhos de nós algum conforto e dignidade.
Não basta falar de equipamentos sociais de proximidade. É necessário pô-los a funcionar. E nem sempre o dinheiro é que é o problema. Mas a vontade de ser solidário com os outros.

Em 29-01-2009, notícia assinada por Jaime Pires, "Casas de Acolhimento têm sucesso em Alcafozes", no Reconquista dizia o seguinte:
As Casas de Acolhimento construídas no concelho de Idanha não têm tido os resultados esperados. A Câmara não prevê o alargamento da rede e diz que é preciso tempo para que a população idosa se possa habituar a esta nova forma de apoio social.
Com o objectivo de resolver problemas nas localidades onde não existem lares de idosos, foram construídas casas de acolhimento em algumas freguesias do concelho de Idanha-a-Nova. Contudo, este projecto ainda não passou da teoria em algumas freguesias. Álvaro Rocha, o autarca de Idanha, admite que as casas de acolhimento não têm tido os resultados esperados, apesar de concordar com a fórmula encontrada, mas diz que é preciso tempo para que a população idosa se adapte a esta nova forma de estar na vida. Sem saírem da terra natal os idosos podem usufruir das casas de acolhimento que estão agregadas aos centros de dia das localidades, como é o caso de Alcafozes.
Na freguesia onde restam cerca de 230 habitantes, na maioria idosos, foi preciso encontrar uma forma para o apoio social chegar a esta aldeia que continua a resistir ao despovoamento e que vive de uma agricultura de subsistência. Em Alcafozes a escola primária fechou e restam os mais idosos para contar a história de uma terra fronteiriça.
Aqui, diz o presidente da câmara, as casas de acolhimento são um projecto conseguido, uma vez que os idosos recebem o apoio social que pode ser de curta ou longa duração mas sempre como acolhimento temporário. Nestas casas são prestados todos os cuidados básicos essenciais, em estreita articulação com o centro de dia da terra que é por todos conhecida pela fé e devoção na Senhora do Loreto, padroeira universal da aviação.
Numa outra freguesia, em S. Miguel D’Acha, está para breve o funcionamento de uma casa de acolhimento. (Sublinhado meu). Contudo, Álvaro Rocha não esconde que existem outras freguesias, como Toulões ou Monfortinho, onde o projecto das casas de acolhimento ainda não passou da parte teórica. É preciso dar tempo, mas isso não quer dizer que no futuro este projecto venha a ser alargado a outras freguesias do concelho de Idanha. São investimentos que a autarquia fez e que ainda não conseguiu ter resultados efectivos.
As casas de acolhimento vieram colmatar a lacuna dos centros de noite ou lares de idosos, dado que o concelho raiano ainda não tem uma cobertura a 100 por cento, ou seja, lares de idosos em todas as freguesias. O projecto continua a merecer por parte da câmara municipal o interesse e atenção. Para isso, os responsáveis autárquicos dizem que é preciso que as pessoas se habituem a este novo conceito, o que demora algum tempo. O apoio social continua a ser dado sem que os utentes sejam retirados do ambiente familiar das suas terras e do contacto diário com família, vizinhos e amigos. A rua onde nasceram pode muito bem continuar a ser o cenário natural, como acontece em Alcafozes. E se tempos houve em que a produção de carvão e de lenha foi motor de troca comercial e o pão cozido em forno a lenha conhecido em todo o concelho, hoje a aldeia tem no projecto das casas de acolhimento, uma experiência que está a ser estudada e equacionada por outras freguesias para resolver problemas onde não existem lares de idosos.


De promessa em promessa, de data em data, há mais de três anos que nada acontece. Ali estão quatro edificíos, três vivendas e um "centro de apoio", sem qualquer utilidade.
Entretanto, os idosos de S. Miguel continuam a procurar apoio em lares para os seus últimos dias fora da sua terra, em alguns casos a terra de toda a vida.
Os senhores da Câmara Municipal, não respondem às cartas que lhes enviam, desrespeitando a legislação em vigor. Pelo telefone dão respostas evasivas e enviam o cidadão de pelouro para pelouro, de vereador que já não é para outro que é agora, mas que afinal não sabe do processo.
Se não têm qualquer respeito pelo cidadão normal também não dão informações de nada às organizações com interesse no assunto: não informam a Liga de Amigos, que já fez várias diligências nesse sentido, não informam a direcção do Centro Social, não informam o próprio Centro Social.
Mais uma vez registamos que na política da Câmara Municipal para S. Miguel e, pelos vistos, para outras localidades do concelho, "as pessoas não estão primeiro", ao contrário do que dizem em apregoado slogan.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Desafio

Moreira Aguiar
Óleo s/tela - Pormenor da aldeia de S. Miguel de Acha - Castelo Branco


Alguém sabe o nome desta rua ?