sexta-feira, 8 de maio de 2015

Repovoar

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O despovoamento do interior é um grave problema. Em Idanha-a-Nova, nas últimas décadas "perdemos 60% da população".
Todas as medidas que se possam tomar para contrariar esta tendência é positiva. O projecto Recomeçar, apresentado em 25 de Março, no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, tem também esse objectivo: lutar contra o despovoamento do interior.

O projecto tem quatro grandes eixos fundamentais:
O Idanha Green Valley que posiciona o concelho como centro de conhecimento e inovação em assuntos relacionados com o campo e pretende captar projetos empreendedores e empresas ligadas à ruralidade com diferenciação criando postos de trabalho; O Idanha Experimenta que dá conhecer o território e incentiva a experimentação do quotidiano, permitindo que os interessados o testem antes de se decidirem a mudar de vida pessoal ou empresarial para o concelho; O Idanha Vive que está ligado à atração direta de pessoas e captação de talentos de fora, da diáspora ou de moradores seniores, criando condições para receber essas pessoas e respetivas famílias; e o Idanha Made In que pretende mostrar ao Mundo o que de melhor ali se faz, seja ao nível dos produtos locais, como da cultura, eventos ou até das próprias políticas e das oportunidades que estão a ser criadas no concelho a vários níveis.
Para que tudo isto seja feito de uma forma coerente e eficaz, o município organizou uma equipa de 40 colaboradores que, segundo o autarca revelou, estão envolvidos no projeto. O programa é financiado pelo orçamento municipal e tenta contrariar o que tem sido o encerramento de serviços decidido pelo poder central. "Quem temos a remar contra nós nesta luta é infelizmente o próprio o Estado, que ao fechar escolas e outros serviços está a dizer às pessoas para não virem para cá. E nós estamos a dizer para virem", diz Armindo Jacinto.
Como exemplo do muito que está a ser feito, o município apresentou em Lisboa quatro casos de sucesso que se enquadram nos pilares que agora definem esta campanha, dando voz aos próprios promotores para justificarem as suas apostas profissionais, o que aconteceu com Jorge Van Krieken (projeto Casa Idanha), Ana Moreia Mena (Escultora), Isménia Araújo (atual responsável pelas creches no concelho) e Mário Rui Ramos (Chef de cozinha).
A apresentação terminou com uma atuação musical dos Noa Noa e com a degustação de uma série de acepipes regionais. (José Júlio Cruz, "Recomeçar: Idanha tem plano para repovoar o concelho", Reconquista, 1-4-215).
Também ficámos a saber que:
“Queremos que aqui construam um projeto de vida familiar e profissional. Podem trazer as suas empresas, ou criá-las cá de raiz. Vamos originar oportunidades para a implementação de empresas na região ao mesmo tempo que fomentamos a criação de emprego que outros poderão ‘abraçar”, assegura Armindo Jacinto.
Para o efeito, conta com o próximo quadro comunitário de apoio. O município tem já no terreno dois loteamentos, um em Idanha-a-Nova, com 55 casas, e outro em São Miguel d’Acha, com 22, para fixação de famílias. Aqui, entra um outro projeto desenvolvido pelo município, “Casa Sustentável Modelo de Idanha”, lançado há dois anos. São habitações ecológicas que se constroem numa semana e que custam entre os 20 e os 30 mil euros. Na sua construção são usadas técnicas e materiais ancestrais, como a madeira, o tabique e cortiça, o melhor isolante, que garante o conforto térmico da estrutura montada ao estilo pombalino, a chamada gaiola. Técnicas recuperadas do passado prometem um futuro melhor. (Sara Raquel Silva, "Começar de novo na terra das oportunidades", Dica da semana, 7-5-2015).