Vasco Graça Moura (2001), sonetos familiares - lâmpada votiva, Poesia 1963-1995, Círculo de Leitorespoderá ter morrido. ressuscitapoderá ter morrido. ressuscitaneste lugar humano, pobre fiode água verbal que vai a medo, hesita,e teme desmedir-se como um rio.e muita coisa nele se derrama,dita e não dita, pressentida, densasaluviões, emaranhada tramade obscuras raízes e presenças.virão dias, semanas, meses, anos,e os ciclos dos astros indiferentes,mover-se-ão na mesma os oceanose as placas que sustentam continentes.mola do mundo, o coração avivaa chama desta lâmpada votiva.
terça-feira, 10 de abril de 2012
"poderá ter morrido. ressuscita"
domingo, 1 de abril de 2012
Farmville com... Rilke
DE UM ABRIL
Volta a rescender a floresta.
Ao voar, as cotovias
erguem consigo o céu, que nos pesava nos ombros;
apenas se via ainda o dia entre os ramos, como estava vazio, -
mas após longas, chuvosas tardes,
chegam as novas horas
sobredouradas de sol,
diante das quais, ao fugir, em longínquas fachadas
todas as janelas feridas
batem temerosas suas portadas.
sobre o escuro brilho das pedras.
Todos os ruídos se ocultam
nos refulgentes botões dos rebentos.
Rainer Maria Rilke
(O livro das imagens, Relógio d’Água, trad. M. João Costa Pereira)
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