Rejubilas: Fartura da colheitaapós o mudo tempo de uma esperaem que o teu sangue ardeu dentro do peitoe em que viste florir brejos desertos.Quanto tremor exigem as palavrasàs vezes tão vulgares de simplezapara serem com laços acendradase para terem voz de limpidez.Se o campo for hostil e pouca a águanão forces por inútil o silênciomas faz agir as tuas mãos contritas.E é na certeza que o vivaz milagreirá acontecer: os regos densosde fluidez e a terra a produzir.António Salvado, Repor a luz.
quinta-feira, 15 de julho de 2021
"Rejubilas: Fartura..."
terça-feira, 1 de junho de 2021
domingo, 14 de fevereiro de 2021
Narciso
Narciso. Floresce normalmente no período do Inverno e da Primavera. (Foto - Qta do Rossio)
Narciso
Dentro de mim me quis eu ver. Tremia,
Dobrado em dois sobre o meu próprio poço...
Ah, que terrível face e que arcabouço
Este meu corpo lânguido escondia!
Ó boca tumular, cerrada e fria,
Cujo silêncio esfíngico bem ouço!
Ó lindos olhos sôfregos, de moço,
Numa fronte a suar melancolia!
Assim me desejei nestas imagens.
Meus poemas requintados e selvagens,
O meu Desejo os sulca de vermelho:
Que eu vivo à espera dessa noite estranha,
Noite de amor em que me goze e tenha,
... Lá no fundo do poço em que me espelho!
José Régio
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